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Os quatro passos para sua organização financeira

E mais dicas para organizar suas finanças pessoais de forma definitiva
05/11/2020 06:08 de Carlos Heitor Campani | Valor Investe (https://valorinveste.globo.com/)

É isso mesmo que você leu acima: são apenas quatro passos para organizar sua vida financeira pessoal. Vamos a eles!

  1. Liste todas as suas receitas (mensais e anuais): calcule o valor total anual como 12 vezes a sua receita mensal recorrente mais receitas eventuais ao longo do ano;
  2. Separe de 10% a 20% da sua receita total anual (item anterior) para investir;
  3. Liste todas as suas despesas e contas (mensais, anuais e esporádicas): faça o valor total igualar algo entre 80% e 90% do valor calculado no item 1;
  4. Respeite o seu orçamento anual (isto é, os pontos acima) e divida seus investimentos por três partes iguais (curto, médio e longo prazo).

 

Por mais simples que os quatro passos acima são, segui-los depende de muita disciplina e força de vontade. É necessário entender que a organização financeira será muito boa para você e trará paz e tranquilidade, reduzindo angústias e incertezas. Aliás, educação financeira com organização encurta o caminho para a felicidade! Se você não está certo de que precisa se organizar financeiramente, E agora quero discutir em mais detalhes cada um dos quatro passos acima.

PASSO 1: Liste sua receita total anual

Gosto bem mais do orçamento anual do que do orçamento mensal (tradicional no Brasil), até porque algumas receitas (e despesas) são anuais, como por exemplo o décimo-terceiro salário e o montante recebido por férias. Já escrevi precisamente sobre isso e defendo (com todas as minhas forças) uma mudança de paradigma do orçamento mensal para o orçamento anual.

Claro, rendas recorrentes mensais devem ser multiplicadas pelos doze meses do ano. Uma dica importante aqui é sempre considerar valores líquidos, ou seja, que de fato caem na sua conta. Além disso, desafie-se a pensar como você pode aumentar suas receitas e faça um plano para isso, executando-o.

PASSO 2: Separe de 10% a 20% para investir

Certa vez alguém fez um questionamento que me marcou para sempre: “Professor, por que as pessoas se pagam por último e, mesmo assim, quando sobra? Não seria mais inteligente o primeiro item do nosso orçamento ser nós mesmos em vez dos outros?” Pensei comigo mesmo: que pergunta fantástica! Sim, a primeira coisa que devemos “pagar” quando listamos nossas despesas precisa ser o que é mais importante: todo orçamento deve ser listado em ordem de prioridade. E o mais importante nas nossas vidas somos nós mesmos, concorda? Dessa forma, a primeira coisa a separar de nossas receitas é o investimento. Esse investimento é a parte que vai nos fazer mais feliz no curto, no médio e no longo prazo (abordarei mais a esse respeito adiante). Assuma o protagonismo e pague-se primeiro!

Se você consegue separar 20% (ou até mais) de suas receitas para investir, isso é ótimo. Mas se hoje está difícil iniciar com esse percentual, tente 10%, pois já ajudará bastante, além de criar a disciplina necessária para uma boa educação financeira. Por fim, se você está numa situação delicada e com dívidas, utilize essa parte para quitar suas dívidas: não faz sentido realizar investimentos quando se tem dívidas. Em qualquer situação, se dê um prazo no qual você deverá não apenas ter quitado todos os seus compromissos, mas também alcançado o patamar de 10% a 20% de suas receitas para investir.

PASSO 3: Liste sua despesa total anual e faça este valor corresponder a algo entre 80% e 90% de sua receita total anual

Este é o passo, digamos, doloroso. Liste todos os seus gastos recorrentes mensais (e multiplique-os por doze). Liste gastos anuais totalmente previsíveis, tais como, por exemplo, IPVA, IPTU, material escolar etc. E liste igualmente gastos extras, esporádicos e incertos, prevendo um valor anual: se por um lado é dificílimo prever que gastos extras teremos ao longo de um ano, por outro é facílimo prever que teremos gastos extras (de quaisquer naturezas). Aliás, tenho uma frase que aprendi absolutamente verdadeira: o incerto é certo, não é mesmo?

Bom, agora vem provavelmente a parte mais difícil: fazer este valor caber em algo entre 80% e 90% do valor total de suas receitas (calculado no passo 1). Não tem jeito, você precisará se adequar às suas receitas e gastar menos do que ganha. Não seguir essa regra é extremamente perigoso e pode levar a situações muito delicadas e que atrapalharão o seu sono. Procure cortar gastos que podem ser cortados. Pense, reflita, tome decisões e execute: seu orçamento precisa caber no que você ganha.

PASSO 4: Respeite os passos anteriores e divida seus investimentos por três

Pouco (ou nada) adianta se você seguir os três primeiros passos e não respeitar o orçamento que construiu. Tenha disciplina e rigor consigo mesmo, pois você só terá a ganhar com isso. Além disso, a parte dos investimentos (passo 2) deverá ser dividida em três partes iguais: uma para cada caixinha.

“Espera aí, o que é esse negócio de caixinha???”. Explico: sempre digo em meus textos e palestras que devemos dividir nossos investimentos em três caixinhas - a de curto prazo, a de médio prazo e a de longo prazo. São caixinhas com objetivos diferentes e que devem, inclusive, estar em investimentos diferentes. A caixinha de longo prazo é aquela para a aposentadoria, ou seja, que comporá sua renda na terceira idade e possibilitará reduzir (ou cessar) o ritmo de trabalho, permitindo mais tempo para os netos, para viagens e para tudo aquilo que te fizer feliz nesse momento especial da vida. Já a caixinha de médio prazo é aquela que perseguirá algum sonho que hoje parece distante, tal como a compra da casa própria, por exemplo. Por fim, a terceira caixinha de investimento deve ser a de curto prazo, ou seja, a tal reserva de emergência, que serve para cobrir gastos inesperados (não orçados) e, se você tiver a sorte de não tê-los, para uma viagem bacana ou qualquer outra coisa que você queira comprar e te fará verdadeiramente feliz.

Como lidar com gastos e receitas extras

Todos podemos ter um ano atípico, no qual tivemos despesas acima do esperado. Se isso acontecer, você deve lançar mão da caixinha de curto prazo. Ela serve exatamente para nos ajudar nessas horas, daí a importância de tê-la sempre por ali, pertinho de nós. A ideia é evitar, a todo custo, que você se endivide para cobrir esses gastos inesperados (cheque especial ou parcelamento do cartão de crédito nem pensar, viu?).

 

Link de acesso à matéria: https://valorinveste.globo.com/blogs/carlos-heitor-campani/coluna/os-quatro-passos-para-sua-organizacao-financeira.ghtml

 

Por outro lado, podemos ter um ano profissional maravilhoso e o total de receitas ser superior ao estimado. Neste caso, o que fazer, de acordo com a boa educação financeira? A resposta depende da natureza da receita extra: se for algo que tende a se manter ano após ano, você poderá voltar ao passo 1 acima e rever todo o seu orçamento. Mas se o motivo da receita extra foi pontual e não necessariamente se repetirá no ano seguinte, você deve dividir esse extra novamente em três partes iguais. Duas delas irão para as caixinhas de médio e de longo prazo. A terceira dependerá da sua caixinha de curto prazo: se esta estiver em um nível baixo, você deverá recompô-la; mas se já estiver em um nível adequado, você pode gastar do jeito que for mais conveniente, afinal de contas, precisamos cuidar do nosso eu do futuro e do nosso eu do presente. Este equilíbrio é fundamental e faz bem à busca pela felicidade plena.

 

Vamos agora começar a dar esses quatro passos? Convite feito! Forte abraço a todos vocês.