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Seu padrão de vida cabe no seu bolso?

Veja como avaliar se você está dando um passo maior que a perna
12/08/2021 06:13 de Meu Bolso em Dia | Febraban

Noivos planejam comprar uma casa para morar juntos e enfrentam a dúvida: escolher a casa dos sonhos, no bairro que amam, ou um imóvel menor em bairro mais simples, mais longe do trabalho, que cabe no bolso com tranquilidade? E, assim, esperar um momento melhor para trocar de casa.

Um jovem acaba de ser contratado para trabalhar em uma grande empresa e logo pensa em comprar o carro dos seus sonhos, financiando em três anos. Ou será que deveria esperar se firmar na empresa, poupando um pouco por mês e daqui a um ano e meio dar boa entrada e pagar o restante em doze prestações mais suaves?

Se você se identificou ou já presenciou uma situação semelhante, não deve estar surpreso em saber que a grande maioria dos brasileiros acaba escolhendo a opção que traz mais satisfação imediata, mesmo que depois tenha que pagar um preço alto por essa decisão. De acordo com um estudo do Datafolha, o brasileiro é um dos povos mais imediatistas do mundo e isso se reflete em outro fato que tem tudo a ver com essa característica: a dificuldade de poupar.

Assim, diante do dilema de assumir uma dívida acima das possibilidades ou caminhar devagar e sempre, a primeira alternativa acaba ganhando de lavada. Não é de admirar que 66 milhões de brasileiros tenham contas em atraso. É claro que uma boa parcela dessas pessoas enfrenta dificuldades de outra natureza, mas o endividamento também é o custo de decisões precipitadas, tomadas por impulso, ou por influência de amigos e parentes.

Para evitar que isso aconteça, a dica é ficar atento aos sinais de alerta de um possível descontrole. E adotar medidas para colocar as coisas nos eixos rapidamente, tanto reduzindo gastos quanto buscando atividades extras para aumentar a renda. A seguir, você confere algumas dicas para fazer isso.

Sinais de alerta de que sua renda não mantém seu padrão de vida

1. Não consigo pagar as despesas básicas do mês

Se você já cortou todos os supérfluos, não sai de casa aos finais de semana, não viaja, não compra presentes, não faz cursos extras e, mesmo assim, precisa entrar no cheque especial, parcelar ou pré-datar as despesas básicas da casa, este é um sinal claro de que está levando uma vida acima das suas posses.

2. Não sei o que fazer quando surge um imprevisto porque não tenho reserva

O dinheiro que entra dá certinho, na medida para tudo o que você e sua família precisam, sem entrar em dívidas. Isso, se nada acontecer. Se o chuveiro quebrar, a conta já não fecha. A família se enrola e as faturas começam a atrasar porque surgiu uma despesa inesperada. Se o orçamento está sem folga, é preciso rever o padrão de vida.

3. Não posso nem pensar em ficar doente ou desempregado. Não teria como pagar as contas

Você e sua família dependem totalmente da sua renda. Se você trabalha por conta própria, uma simples gripe pode pôr em risco as contas do mês. Se tem carteira assinada, não pode nem imaginar a ideia de ficar sem seu emprego e sempre que surge um boato de cortes na empresa, você já começa a suar frio. Talvez seja hora de fazer uma revisão no orçamento para encontrar gastos invisíveis ou buscar uma maneira de fazer renda extra para conseguir guardar dinheiro e investir na formação de sua reserva de emergência.

4. Não consigo fazer a manutenção do carro ou da casa porque não sobra dinheiro

Você batalhou para conquistar o carro ou o imóvel que queria, mas agora está sofrendo por não ter dinheiro para bancar revisões periódicas, seguros ou pequenos reparos. Se as soluções que lhe vêm à mente são deixar o carro em casa, pois a documentação não está em dia ou aguardar até o fim do ano para fazer aquela reforma no telhado, há indícios de que você se precipitou na hora de comprar esses bens.

Em busca de soluções para adequar o padrão de vida à renda

Se você se deu conta de que seu padrão de vida não cabe no seu bolso, a boa notícia é que tudo tem solução. Veja algumas alternativas para você se adequar às possibilidades da sua renda.

1. Esteja aberto para se desapegar de alguns bens

É difícil se desfazer de uma conquista, principalmente quando é algo realizado com muito trabalho. Porém, se apegar a um bem que custa além do que você consegue pagar ou manter, só irá consumir seu patrimônio ainda mais. Às vezes, é necessário assumir que deu um passo maior que a perna e voltar um pouco atrás para redimensionar as coisas de acordo com o tamanho do seu bolso. Não tenha vergonha de vender o carro, a casa ou outros bens para pagar as dívidas e colocar a vida financeira em ordem, guardando as lições aprendidas antes de sua próxima empreitada.

2. Aproveite seus bens ou tempo livre para gerar renda extra

Nem sempre é necessário se desfazer do bem conquistado para adequar seu padrão de vida, basta encontrar uma maneira de fazer dinheiro com ele. Se você comprou uma casa mais ampla do que necessita e tem um cômodo ocioso, pode alugá-lo por meio de aplicativos, como o Airbnb, por exemplo, adotando todos os cuidados necessários durante a pandemia do Covid-19. E se tem tempo livre, que tal oferecer alguns serviços e ampliar suas fontes de renda?

3. Viva sempre um degrau abaixo do que poderia para economizar

Esta dica de ouro é o segredo das pessoas que têm uma vida financeira tranquila. Sempre que seus cálculos levarem você a uma situação de orçamento muito justo, sem nenhuma folga, está correndo o risco de assumir compromissos além da sua capacidade de pagamento. Ajuste as contas para ter uma margem no orçamento para poupar para imprevistos e eventualidades. Se receber um aumento, evite sair gastando por conta. Mantenha o padrão de consumo por um ano e faça uma reserva com as sobras. Só depois, ouse replanejar melhorias no estilo de vida.

4. Considere os custos indiretos de automóveis e imóveis

Ao escolher um carro, além de avaliar se a parcela do financiamento cabe no seu bolso, considere todos os demais custos atrelados a ele, como seguro, revisões, combustível, estacionamento, impostos, entre outros. Se, ao colocar tudo no papel, perceber que sua renda será consumida para bancar o automóvel, avalie alternativas, como um carro mais simples, transporte público ou aplicativos.

Isso também acontece com imóveis. A escolha não deve ser baseada apenas no valor da parcela. Devem ser considerados os custos de condomínio, impostos, transporte até o local do trabalho e o preço dos serviços da região, como escolas, postos de gasolina e até padarias. O custo de vida de morar em um bairro mais central pode ser muito mais alto do que viver alguns quilômetros adiante. Faça uma pesquisa de preços antes de escolher para onde irá se mudar.

5. Um passo de cada vez para ir mais longe

Não é porque você consegue comprar um carro ou um imóvel, que precisa ser aquele dos seus sonhos. Dê passos pequenos no começo, avalie todas as alternativas, procure juntar dinheiro para uma boa entrada, assuma parcelas menores, evite assumir dívidas acima de 30% da sua renda familiar e vá evoluindo aos poucos. Evite a ansiedade de querer tudo muito rápido ou de realizar vários sonhos de uma só vez.

Se estiver comprando a casa, espere um pouco para entrar na dívida do carro. Se estiver investindo em seus estudos, evite acumular uma dívida de imóvel ou planejar a vinda de um filho. Boa parte das dívidas começa quando queremos abraçar o mundo como se ele fosse acabar amanhã. Devagar e sempre, chega-se mais longe e com mais segurança.

 

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