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Finanças Pessoais: Como melhorar seu orçamento?

As 6 dicas para controlar suas despesas e fazê-las caber no seu orçamento
26/11/2020 00:18 de Carlos Heitor Campani | Valor Investe (https://valorinveste.globo.com/)

Há algumas semanas, escrevi sobre os quatro passos que você precisa dar para organizar a sua vida financeira. Como acredito muito neles, relembro-os abaixo:

  1. Liste todas as suas receitas (mensais e anuais): calcule o valor total anual como 12 vezes a sua receita mensal recorrente mais as receitas eventuais ao longo do ano;
  2. Separe de 10% a 20% da sua receita total anual (item anterior) para investir (ou, inicialmente, para quitar dívidas e pendências);
  3. Liste todas as suas despesas e contas (mensais, anuais e esporádicas): faça o valor total igualar algo entre 80% e 90% do valor calculado no item 1;
  4. Respeite o seu orçamento anual (isto é, os pontos acima) e divida seus investimentos por três partes iguais (curto, médio e longo prazo)

 

Se você perdeu esse texto que escrevi sobre cada um desses passos, pode clicar aqui para ler e compreender o que e como você deve fazer em mais detalhes. Hoje, darei várias dicas para a parte mais difícil, que é fazer suas despesas caberem em 80% a 90% das suas receitas. Vamos a elas!

1) ORGANIZE-SE PARA PODER FAZER COMPRAS À VISTA COM DESCONTO

Há muitas situações em que você pode obter belos descontos ao pagar à vista. Quando digo belos descontos, refiro-me a conseguir uma taxa de juros (implícita no desconto) que você jamais conseguiria investindo aquele dinheiro. Para se ter uma ideia, 5% de desconto à vista em vez de pagar parcelado em 6 vezes equivale a uma taxa de 28% ao ano! Mesmo um mísero desconto de 3% à vista em vez de pagar em 5 parcelas já implica numa taxa surreal para os padrões de mercado atualmente: 20% ao ano! Não há investimento melhor do que pagar à vista com desconto, pois ele, além do mais, é absolutamente sem risco para você. Por exemplo, procure se organizar para pagar o IPTU em 2021 à vista (os municípios costumam dar excelentes descontos para quem paga à vista). Organize-se para comprar o material escolar do seu filho à vista e não tenha nenhuma vergonha de negociar um belo desconto. Aliás, que tal negociar com a escola do seu filho o pagamento anual de 2021 em vez de doze mensalidades? Claro, com um belo desconto!

2) NÃO PAGUE POR SERVIÇOS QUE HOJE JÁ SÃO GRATUITOS (E COM A MESMA QUALIDADE!)

Você ainda paga tarifa de manutenção de conta? Há diversos bancos que oferecem esse serviço gratuitamente, de forma que você não precisa mais pagar por isso. Você ainda paga por TEDs e DOCs? Use o PIX! Você ainda paga tarifa para o cartão de crédito??? Aqui eu preciso te dizer algo: ao contratar um cartão de crédito, você é o bem precioso, pois ao realizar suas compras com o cartão, seu dinheiro passa pela operadora, que já negociou belas taxas e/ou prazos de pagamento com os provedores de itens e serviços pelos quais você paga com seu cartão. Em outras palavras, o ganho da operadora de cartões de crédito já está posto e não vem de você, muito pelo contrário: DEPENDE DE VOCÊ! Você é o elo fundamental da cadeia, logo precisa se valorizar e não aceitar pagar tarifas para simplesmente “ter o cartão de crédito”. Já existem muitos (repito: muitos!) cartões de crédito totalmente gratuitos e que ainda te premiam quando você os utiliza (acesso a clubes de descontos ou via cashbacks). Há cartões, inclusive, que dão descontos para pagamentos antecipados.

3) IDENTIFIQUE GASTOS SUPÉRFLUOS QUE POUCO OU NADA CONTRIBUEM PARA O SEU BEM-ESTAR E SUA FELICIDADE

Cada um de nós sabe verdadeiramente o que é importante para estarmos bem e felizes no dia a dia e aqui não há uma regra que serve para todos. Por exemplo, aquela academia cara pode ser relevante para o seu bem-estar se você a utiliza diariamente e encontra ali estímulos para realizar exercícios. Mas, por outro lado, conheço muitas pessoas que passaram a se exercitar ao ar livre (com a devida responsabilidade em tempos de pandemia!) e, pelo contrário, aumentaram o seu bem-estar. Repense suas despesas e, porque não dizer, use a criatividade sem medo de desapegar – por exemplo, você ainda precisa de telefone fixo, já que possui um celular? Controle aqueles gastos que “você quase não percebe”, pois na absoluta maioria das vezes, poderiam ser evitados sem o menor dos problemas.

Há diversos itens orçamentários cujos preços estão caindo. Por exemplo, analise opções em outras operadoras para sua conta de celular: uma vez por ano, reveja o quanto você paga e compare com concorrentes ou mesmo com novos planos da sua operadora – é possível conseguir uma redução na conta mensal ano após ano. O mesmo vale para a operadora da sua TV por assinatura e para o serviço de wi-fi residencial: os preços têm caído muito. Reflita e pense se você realmente precisa de 353 canais de TV com 156 canais de áudio ou de 200 mega de velocidade quando, para a maioria das pessoas, uma velocidade de 40 mega já seria mais do que suficiente (ou até menos). Por outro lado, há muitos itens de gastos cotidianos que não param de subir: a conta de luz é um deles. Será que você não conseguiria reduzir a conta de luz? E a conta de água? Tudo é questão de costume e, muitas vezes, não nos damos conta de que podemos reduzir algumas despesas readequando pequenos hábitos do dia a dia.

5) NÃO PAGUE NADA POR VERGONHA DE TRATAR O ASSUNTO

Há uma diferença muito clara entre ser “sovina”, “pão-duro” ou “mão-de-vaca” (adjetivos normalmente utilizados com cunho pejorativo) e ser disciplinado financeiramente. Ninguém deve querer melhorar sua organização financeira empurrando contas de restaurante para outras pessoas ou se escondendo na hora de dividir os gastos de um churrasco entre amigos (quando essa pandemia passar!). Mas, por outro lado, se você deixa claro que deseja pagar o que lhe couber, com clareza e justiça, não haverá nenhum problema (ou, pelo menos, não pode haver). Da mesma forma, não pode existir nenhum tipo de problema quando você recusa algum convite porque os custos ficariam fora do seu orçamento ou porque você está num momento de readequação financeira. Sei que muitas pessoas sentem vergonha de exporem essas coisas, mas precisamos romper essa barreira e avançar para uma sociedade que conversa sobre disciplina financeira, assim como conversa sobre a última rodada do campeonato brasileiro: não pode ser vergonhoso demonstrar que você é uma pessoa financeiramente equilibrada e que respeita limites! Vejo uma enorme inversão cultural de valores neste aspecto e devemos lutar para mudar isso, concorda?

6) BUSQUE SEMPRE OS MELHORES PREÇOS PARA A SUA FELICIDADE

Sua felicidade e seu bem-estar são coisas que apenas você sabe medir e isso é pessoal e intransferível. Dito isso, desafie-se a buscar a maximização da relação felicidade/bem-estar versus custo. Há muitas coisas que podem te fazer feliz, que são praticamente de graça, mas você jamais pensou a respeito. Pense em hábitos simples que não custarão muito e que podem trazer leveza, bem-estar e felicidade. E mesmo naquilo que irá te custar algo, procure pelos melhores preços. Outro dia, me deu vontade de pedir comida japonesa em casa. Entrei no aplicativo e digitei “restaurante japonês em promoção”: achei um que não cobrava taxa de entrega e ainda dava 15% de desconto porque eu jamais havia pedido naquele restaurante por aquele aplicativo: a comida veio maravilhosa e paguei bem menos do que pagaria se eu tivesse clicado na primeira opção de comida japonesa que encontrei no aplicativo!

Espero que essas dicas impulsionem cada um de vocês a se reequilibrar financeiramente ou, se for o caso, a melhorar o que já está organizado. Ficarei muito feliz se conseguir atingir este objetivo. Escrevo para mudar a vida das pessoas, dentro das minhas possibilidades - que são pequenas, claro, mas devemos acreditar que cada um pode e deve fazer a sua parte. E eu quero fazer a minha!

 

Link de acesso à matéria: https://valorinveste.globo.com/blogs/carlos-heitor-campani/coluna/financas-pessoais-como-melhorar-seu-orcamento.ghtml